domingo, 8 de abril de 2012

Sobre os compassivos, a destruição dos sentimentos e eterno retorno da morbidez



Amigos! Que agradável madrugada insone e alcoolatra para descorrer sobre os piores e mais nojentos assuntos da sociedade. Para meter o dedo na ferida, e destruir a crença de que o mundo é belo, e que a sociedade e o ser humano tem conserto. De que tudo o que acontece tem uma justificativa, e de que o homem que se volta para si mesmo possui algum intento na vida que não seja somente destruir os seus conceitos morais. Dói ouvir a verdade, mas parte do tratamento de sanidade incide em destruir o que chamamos de "dor" e construir o que chamo de letargia e apatia. E com essa apatia brotando, percebemos o quanto a vida pode ser fulgaz e sem sentido. Compreendemos que os sentimentos são apenas para conseguirmos manter a hipocrisia social ainda latente, e que com isso, nos sentimos mais adequados a tudo que achamos ser o certo.

O que vale a compaixão em um ser humano? Qual é o sentido do homem compassivo, quando, apesar de tudo, todos sabemos que nunca colocamos outra pessoa à frente de nós mesmos? Que, se é necessário destruir outro ser humano para que nós não sejamos destruídos, certamente faremos isso, sem hesitar? Isso é compaixão? Eu creio que não. Creio que a compaixão (assim como os outros sentimentos), é apenas uma parte da hipocrisia social. Podemos querer sim o bem para outra pessoa, mas, se outra pessoa está feliz, e nós tristes, todo o nosso sentimento compassivo não vale de nada! E pior ainda é quando uma pessoa está precisando de ajuda, e você compassivamente colabora, e quando aquela pessoa está bem e você mal, aquele individuo coloca os interesses dele acima do seu, culminando num sentimento de frustração quase mortal. A frustração é sorrateira, ela vem aos poucos, pois quando você se frustra uma vez, você ainda acredita que aquilo possa mudar, que foi apenas um deslize. Mas não. Não é isso. Porque com o tempo, você percebe que todas as pessoas acabam te frustrando alguma hora, e que isso vai ser recorrente sempre que você se expor para alguém. Aquela pessoa é detentora da sua felicidade. Ela controla o que vai acontecer com você, como você vai se sentir, quais atitudes tomará e como vai lidar com as situações. Você fica a mercê de uma pessoa que certamente colocará o egoísmo à frente da compaixão. Pronto, não resta mais nada a fazer. Por outro lado, um bom exercício para evitar isso, é ser o que chamo de homem não compassivo. É a destruição de outros seres humanos e a própria destruição. Quando você não exerce compaixão, tanto faz como as pessoas estão. Você simplesmente ouve, e aquilo entra por um ouvido e sai pelo outro. Você não se sensibiliza com aquilo, apenas compreende que o sofrimento daquela pessoa não faz diferença alguma para você. E depois, você aprende que pode destruir ela também. Você pode ser a razão do sofrimento dela, assim como outras pessoas foram a razão do seu sofrimento. E isso é estranho. Na hora existe uma alegria (falsa, como todas que existem), mas depois bate uma tristeza, o que chamo de ressaca moral. E ai que entra a sua fuga, seja alcool, drogas ou qualquer outra coisa que te faça sentir melhor naquele momento. E dia após dia, com ajuda dessas fugas, você vai aprendendo cada vez mais a não ter compaixão pelos outros, e fazer somente o que for interessante para você mesmo. Com a ascensão do egoísmo você acaba por se tornar mais forte às frustrações.

E com as fugas (elas são fundamentais nessa merda toda), você aos poucos vai destruindo os sentimentos que possam surgir. A proposta é simples, e eficaz: sempre que você sentir algo ruim, vá para a fuga. Nas horas boas, vá para as fugas. Qualquer morbidez que possa surgir, fugas. E assim um dia passa, e depois outro, e depois outro. Com as fugas, evitamos de pensar nas coisas, e assim conseguimos dispersar os sentimentos, destruindo-os pouco a pouco. No inicio são os ruins, depois os bons, e quando menos esperamos, somos somente apáticos. O sentimento de revolta e de ódio pode prevalecer ainda, mas a apatia acaba falando mais alto. Com os sentimentos destruídos, não alcançamos a felicidade, mas evitamos de sofrer. E honestamente, os momentos de sofrimento sempre prevalecem aos de felicidade, portanto a balança é favorável para a minha teoria. Uma contra-indicação desse processo é o nojo. O sentimento de nojo aparece bastante, e destrui-lo é realmente dificil. Você se enoja pelo ponto que chegou, mesmo sabendo que isso foi necessário para sua sobrevivência. E esse nojo corrói, você pensa as vezes "Mas que merda que eu tô fazendo com a minha vida?!". Então você foge, dia após dia. E com o tempo, o fim acaba aparecendo bem na sua frente. O flerte com a morte acaba sendo constante. As fugas proporcionam isso. E esse perigo, essa real possibilidade de morrer, isso acaba te atraindo. Esse medo de morrer, isso acaba te atraindo. O desconhecido sempre nos excita, mas quando os sentimentos são destruídos, a apatia é tão grande que qualquer emoção (como a real chance de morrer) nos atrai de uma forma muito forte mesmo. E isso é o que acaba gerando toda a sua satisfação de estar vivo. Soa até paradoxal isso, mas afirmo: Chega-se um ponto em que a graça da vida é buscar a morte! E isso faz parte do processo da destruição dos sentimentos.

A filosofia romântica alemã já concretizava uma teoria do eterno retorno. Mas, olhando de outro ângulo, acabei esboçando-a de forma diferente. Eu creio que a alegria é sempre momentanea, e acabamos sempre retornando a algum tipo de morbidez. Isso é fato. Nada é para sempre. Um relacionamento nunca é para sempre, ele acaba tendo um fim, inevitavelmente. O amor, que já elogiei tanto, não passa de um instrumento para concretizar o sofrimento. Não se sofre se não se ama. Por isso a necessidade da destruição dos sentimentos, porque eles se completam, e daí surge o intuito de destruir todos eles. Caso reste um, acabará culminando no surgimento dos outros, e por fim, tudo volta a ser como era antes. A morbidez sempre vai existir, mas o intuito é faze-la ser esquecida por momentos. Para isso existem as fugas. Naquele pequeno momento da sua vida, você esquece da merda que você se tornou, dos problemas que te cercam e das pessoas que te destruiram. Mas acaba voltando, e para isso é preciso estar pronto. A morbidez não avisa quando vem. Ela bate de forma repentina, às vezes um gesto, uma frase, uma palavra, tudo isso pode gerar morbidez. Fuja dela, mas não se anime. Já esteja pronto para enfrenta-la amanhã. Porque paz, sempre significa recarregar suas armas!

Zaratustra

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