terça-feira, 24 de julho de 2012

Sobre a solidão (ou sobre estar só)



Amigos! Lamentavelmente hoje, assim como na maioria dos dias, venho para escrever sobre algo mórbido. E não é uma morbidez exclusiva, mas sim algo recorrente na sociedade de hoje. Apesar de ser recorrente, poucos assumem a sua existência. Muitos tentam aliviar isso, maquiar isso de alguma forma. Projetam em redes sociais e conversas acéfalas um ambiente de harmonia e diversão, em que existem centenas de reais amigos. E o que dizer dos relacionamentos afetivos, os tradicionais namoros. Honestamente, já devo ter falado sobre esse assunto no blog, com um post específico, e certamente já falei sobre ele de forma indireta. Mas como é algo muito presente em minha vida, não vejo motivos para não recorrer a esse assunto: a solidão, ou sobre estar só.

Sim, assumo que sou um sujeito solitário. Não sou muito de sociedade. Para mim, o ser humano não é um animal muito confiável, e nisto estou também incluso. E para os que dizem que eu não sou muito sentimental ou muito romântico, justamente por me esquivar de relacionamentos, argumento o contrário. Pelo fato de eu me doar muito para as pessoas, eu sempre espero muito de volta. E são poucas as pessoas que retribuem a mim de igual forma. É por isso que sou deveras seletivo com os seres humanos que me aproximo. E digo que só consigo conviver em sociedade porque eu não amo as pessoas. Eu apenas finjo que gosto delas, e na dúvida, dou um leve sorriso e uma balançadinha de cabeça. Isso faz as pessoas acharem que me importo com elas, e assim, o curso da vida consegue ter seu prosseguimento. E nesse prosseguimento, sigo respirando, não entendendo exatamente o motivo, não sabendo o que me espera lá na frente, mas ainda assim animado com as pequenas coisas que, no âmago da minha solidão, me satisfazem.

Creio que um dos maiores problemas dos sujeitos solitários seja o excesso de racionalização. Pensamos de uma forma muito maquinal em tudo. A solidão faz você pensar que tudo que existe ou é feito tem de ter algum tipo de propósito. Às vezes me deparo com pessoas tirando diversas fotos. Honestamente, não vejo propósito em fotografias. A não ser para algum tipo de identificação, como um crachá, um perfil de rede social, um registro para alguma obrigação profissional. Mas tirar uma fotografia pelo simples ato de "querer registrar o momento", nisso eu não acredito. Posso estar errado de pensar assim (como acho que realmente estou), mas infelizmente não consigo mudar meu pensamento. Deixe explicar os meus motivos de pensar como penso sobre as fotografias. Em primeiro lugar não vejo propósito em tirar fotos. Não sei qual é o sentido dessa porra. O que leva as pessoas a tirar fotos? Não me arrisco a perguntar isso para não ser apedrejado. Segundo motivo: se me dizem que é para "registrar o momento", estou de desacordo. Eu acredito que o tempo seja algo muito fulgaz. Os dias, as horas, tudo passa muito rápido. E, como o tempo, o próprio ser humano é muito fulgaz. Numa hora nos amamos, na outra nos odiamos... Em tese, tudo acaba passando. Aquela sua fotografia, terá mais chances de gerar tristeza do que alegria no futuro. E tristeza nunca é bom, apesar de sua recorrência!

Dei essa volta toda, passando pela teoria sobre a fotografia, para explicar sobre a solidão. As fotos só alimentam a tentativa de parecer que estamos rodeados de pessoas que amamos, mas na verdade, essa tentativa é falha. Se a pessoa realmente te ama, é desnecessária essa tentativa de auto-afirmação, esse excesso de alegria. A pessoa vai estar lá para as horas ruins, independente do registro das horas boas.

Chegando agora na parte dos relacionamentos afetivos, dos namoros. Esse talvez seja meu ponto fraco. Recentemente publiquei aqui que não é por falta de beleza, ou por falta de ser interessante que permaneço solteiro. O fato é que eu me fecho de tal forma que não permito nenhuma aproximação. E acho que seja realmente isso o melhor para mim. Essa proteção que eu criei me protege de muitas coisas que eu já passei. O fato de não sentir, me ajuda a não crer. A descrença evita que me apaixone, evitando maiores frustrações. Mas está aí a grande sacada, o grande problema. O estar só, estritamente no sentido de estar só, por vezes pode ser cruel. E essa crueldade pode deixar a pessoa mal em determinados dias. Hoje é um dia desses. Um dia em que eu queria ter alguém para dizer que amo, alguém para ligar e saber se a pessoa está bem, alguém para dormir juntos. Mas esse alguém não existe. E, honestamente, acho difícil que exista algum dia. O ponto em que estou me faz descrer de toda e qualquer possibilidade que eu possa engatar qualquer tipo de relacionamento sério. E, porra, isso é uma merda!

É por essas e outras que às vezes gostaria de ser uma pessoa normal. Uma pessoa que tira uma porra de uma foto só por tirar a porra da foto. Uma pessoa que fala com centenas de pessoas acreditando realmente que aquelas pessoas a amem de verdade. Uma pessoa que namora qualquer pessoa, sem medo de se entregar, sem medo de começar algo que tem um fim próximo e previsto. Mas, infelizmente, comigo não é assim.

Zaratustra

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